sexta-feira, abril 29, 2005

O amor é estúpido (poema inédito da vossa anfitriã)

Baseado no poema Todas as cartas de amor são ridículas, de Álvaro de Campos

O amor é estúpido.

Estúpido como uma porta,
Estúpido como as dobradiças de uma porta,
Estúpido como os parafusos das dobradiças de uma porta.

E todos os que amam são idiotas.
Idiotas não de ter muitas ideias fúteis
(O que também se aplica)
Mas idiotas por gastarem o seu tempo
Em algo de inútil e imaterial.

Os que são amados, por seu lado,
Não são estúpidos nem idiotas.
São parvos.
Parvos por se permitirem a provocar
O amor nos idiotas que passam.

Como eu disse, o amor é estúpido.
(E cego e surdo e mudo e coxo e louco)
Estúpido ao quadrado,
Estúpido ao cubo,
Estúpido à pirâmide.

Estúpido.

Estúpido como uma porta,
Estúpido como as dobradiças de uma porta,
Estúpido como os parafusos das dobradiças de uma porta…

…uma porta que fica estupidamente aberta
Para esta vossa idiota
Ver aquele grande parvo passar…

7-V-04, na aula de Português, quando devia estar a comentar o poema Retrato de Torga.

2 comentários:

Kelita disse...

bem fiquei completamente sem palavras. o que estás a ver aqui escrito são só letras. agora sem brincar, deixa dizer que achei muito romantico. quando li até pensei que estivesse ligado a uma certa pessoa, depois reparei que não. mas não sei, acho que é como dizes - o amor é estupido

LadyS disse...

Referes-te àquela pessoa que me é muito indigesta? ;)Não, eu tive paixões platónicas a.Fquinho, desculpa desiludir-te... ;)