segunda-feira, novembro 20, 2006

Poesia russa pros mes amis


HAMLET

Acalma-se o tumulto. No palco estou
contra o portal da porta,
ao longe, reconhecendo vagamente
o que o meu tempo pode trazer.

O escuro da noite jorra sobre mim
milhares de olhos que me fima;
mas Abba, Pai, se essa for a tua vontade,
afasta este cálice dos meus lábios.

Com firmeza o teu desígnio tem o meu amor,
este papel que me deste quero ter;
mas agora encena-se um drama diferente:
poupa-me agora do teu caminho.

E no entanto a ordem dos actos é fixa,
o fim do caminho e irreversível.
Estou só. Agora é o tempo dos Fariseus.
A vida não é como um passeio ao campo.

É impróprio ser famoso
pois não é isso que eleva.
E não vale a pena ter arquivos
nem perder tempo com manuscritos velhos.

O caminho da criação é a entrega total
e não fazer barulho ou ter sucesso.
Infelizmente, nada significa
como uma alegoria andar de boca em boca.

Mas é preciso viver sem pretensões,
viver de tal modo que no fim de contas
venha até nós um amor ideal
e ouçamos o apelo dos anos que hão-de vir.

O que é preciso rever
é o destino, não antigos papéis;
lugares e capítulos de uma vida inteira
anotar ou emendar.

E mergulhar no anonimato,
e ocultar nele os nossos passos,
como foge a paisagem na neblina
em plena escuridão.

Que outros nesse rasto vivo
seguirão o teu caminho passo a passo,
mas tu próprio não deves distinguir
a derrota da vitória.

E não deves por um só instante
recuar ou trair o que tu és,
mas estar vivo, e só vivo,
e só vivo – até ao fim.

Boris Pasternak

quinta-feira, novembro 09, 2006

Top 4 dos 4 euros mais mal empregues da minha vida

1. Rasganço
2. O reino dos céus
3. Guerra dos Mundos
4. Hannibal
PP.Graças ao Pedro, tenho de fazer umas pequenas explicações neste post. Sim, há coisas piores que a Guerra dos Mundos, mas não comprei bilhetes para elas. E o Hannibal o problema é mais pessoal que do filme. Ok, digamos que não vi muito do filme. Aí uns 20 minutos. Por isso é que o dinheiro foi mal empregue.
ass. Lady Sara C é tão fácil escrever no blog quando ninguém lê o que escrevemos...

quarta-feira, novembro 08, 2006

Porque é que a Lusomundo é má

1. Em 16 salas presentes em Coimbra, não arranjou espaço para a Marie Antoinnette da Sofia Coppola e nem para o Paris Je t'aime. Estes dois filmes, no centro norte, estão apenas no Porto. Para quando a descentralização, hã? Ou julgam que em Coimbra são só farras e ninguém gosta de cinema para além de blockbusters?
2. Filmes bons como The Hitchickers Guide to The Galaxy ficaram apenas durante duas semanas, com duas sessões nocturnas por dia, enquanto que filmes como Piratas das Caraíbas 2 (e eu nada tenho contra este filme!), ficam meses a fio.
3. Permite que comam pipocas e bebam Coca-cola nas salas. Primeiro, é um barulhão infernal. Depois, ainda ontem um tipo deixou cair a cola e a mala da Kel ficou toda badalhoca. Se eu fosse a ela pedia uma indemnização.
4. As salas são o mais despersonalizadas que há. Além disso, estão mal isoladas. Quando fui ver a Black Dahlia estava a ouvir as Torres Gémeas a cairem na sala ao lado...
5. É demasiado tempo de publicidade, e muitos poucos traillers. E sempre os mesmos anúncios da treta. Que o mundo possa girar sem mais anúncios à Sagres Abadia. Blhech.
6. Fez fechar dois dos mais queridos cinemas de Coimbra: o Girassol, primeiro, e depois o alternativo Avenida. Qualquer dia transformam-se numa Zara, como o outro...
7. Quatro euros, preço de estudante, para ir ver um filme? São 800 paus! É muito caro, e ainda mais para quem não tem direito a desconto (5.20). Por favor! E se quarta-feira é suposto ser o dia mais barato, devia ser abaixo dos 4 euros, senão qual é o sentido?

Se me lembrar de mais (oh, de certeza que vou!), vou postando.