Não vou mentir e dizer que sigo a série desde o início, sem perder um único episódio que fosse. Mas sinto-me como se tivesse. Ela entrou por acaso na minha vida, e deixou-se estar. Aé que comecei a ajustar a minha vida ao horário semanal (e nem sempre foi fácil).
A família Fischer. Os sócios Sanchez. Os desequilibrados Chenowith (a Brenda era a minha preferida, até se tornar demasiado normal e eu me voltar para a Claire Fischer). Vejo muitas séries (upa upa puxadote), mas nenhuma chega aos pés desta. Não, mesmo o Dr. House fica a milhas de distância.
Morte, morte e morte. E vida nos intervalos. Um estilo característico - a morte inicial, o fade-out para branco agoirentos, todo um tipo de fotografia.
Um quarentão com um tumor no cérebro. Uma mãe desequilibrada. Um casal gay. Uma adolescente revoltada. Uma viciada em sexo que se finge louca, um irmão que finge não o ser. Todos os elementos necessários a uma telenovela bem pirosa. E, no entanto, quão longe!
Mesmo pensando que Allan Ball realizou ‘American Beauty’ - de onde vem a famosa cena do saco que todos os teen teasers insistem em gozar - esta série ultrapassa tudo. Enganam-se aqueles que pensam que é - foi - uma série demasiado intelectualóide, ou demasiado macabra, ou simplesmente mais uma.
Fala da morte, e assim nos fala a todos. Tudo o que conhecemos vai morrer, incluindo nós. Por isso, para quê tanta angústia? Com um raio em cima, decepados por um semáforo, cortados ao meio por um elevador, atingidos por uma bola de golfe, atacados por um tigre…
Tentei adivinhar, muitas vezes, como seria o último episódio. É o fim das séries, livros e filmes que nos dizem, realmente, da qualidade da obra. Por muito boa que a trama seja, se o fim for forçado, ou demasiado óbvio/fácil, o que se passou anteriormente perde o valor. É o fim que se nos retém na memória, e nos ajuda a lembrar o resto.
As séries anteriores (da I à IV) acabaram em suspenso. Nesta, quando vi o Nate bater as botas (finalmente!), pensei que fosse o fim. Ah, estava tão enganada. Como se pudesse acabar de uma maneira tão simplista. E, agora que vi o último episódio, penso: poderia mesmo acabar de outra maneira?
O carro (novo) de Claire a dirigir-se a Nova Iorque,e vemos flashes do futuro. A creche para cães de Ruth, Sarah e Betina, o primeiro aniversário de Willa Fischer Chenowith, o casamento católico de David com Keith. E, subitamente, Ruth a morrer numa enfermaria. O reencontro de Claire com Ted no funeral de Ruth. O casamento destes. Keith assassinado por assaltantes. Rico com um ataque de coração num cruzeiro. David vai-se a meio de um almoço de família ao ar livre. Brenda segue-se. E a imagem final de Claire, muito velha, deitada num quarto cujas paredes estão cheias de fotos que mostram vários momentos do passado, até se deterem nas fotos de Ted nu, tiradas no início do episodio. E vemos os olhos de Claire a morrer. E vemos os olhos de Claire a dirigirem-se para Nova Iorque, rumo a um destino a ela desconhecido.
PS. Obrigado, 2:!. Agora façam-se a vontade e comprem o Nip Tuck!!!
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