sexta-feira, agosto 18, 2006

Cine-Teatro Avenida

A Lusomundo fez mais uma vítima. Fechou o Cine-Teatro Avenida, em Coimbra, o saudoso sítio onde a vossa anfitriã deu o seu primeiro beijo (ih, sara, és mesmo velha!!!) e viu filmes como 'Titanic', 'Mar Adentro', 'Tarzan', 'A Fuga das Galinhas' e 'O Grande Peixe', e que ultimamente era o único sítio pra ver cinema alternativo a horas decentes (sim, porque o TAGV adora passar filmes a horas estranhas), fechou. Kaput.

Menos um sítio pseudo-intelectual. Rest in Peace.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Esta Noite ao Meio-Dia

Esta noite ao meio-dia
Os supermercados anunciarão DESCONTO em tudo
Esta noite ao meio-dia
As crianças de famílias felizes serão mandadas para um asilo
Os elefantes contarão uns aos outros anedotas humanas
A América vai declarar paz à Rússia
Generais da Grande Guerra venderão capacetes nas ruas no 11 de Novembro
Os primeiros narcisos de Outono hão-de aparecer
Quando as folhas caíam para as árvores

Esta noite ao meio-dia
Os pombos vão caçar gatos pelos quintais
Hitler dir-nos-á que lutemos nas costas e nas praias
Um túnel será aberto por Liverpool
Serão avistados porcos voando em formação sobre Woolton
e Nelson não só receberá o olho de volta mas também o braço
Os Americanos brancos exigirão igualdade de direitos
em frente da Casa Preta
e o Monstro acaba de criar o Dr. Frankenstein

Moças em bikini estão a banhar-se na lua
Canções populares estão sendo cantadas por autêntico povo
As galerias de arte são interditas a maiores de 21 anos
Os poetas vêem os seus poemas no Top 20.
Os políticos são eleitos para manicómios
Há empregos para todos e ninguém os quer
Em ruelas escusas amantes adolescentes beijam-se
à luz do dia
Em campas esquecidas em toda a parte os mortos calmamente enterrarão os vivos
e
Tu dir-me-ás que me amas
Esta noite ao meio-dia.




Adrian Henri (tradução de Manuel de Seabra)

Sete Palmos de Terra 2001-2005



Acabou a série de culto, criada por Allan Ball, ‘Sete Palmos de Terra’. Foi o fim. Definitivo.

Não vou mentir e dizer que sigo a série desde o início, sem perder um único episódio que fosse. Mas sinto-me como se tivesse. Ela entrou por acaso na minha vida, e deixou-se estar. Aé que comecei a ajustar a minha vida ao horário semanal (e nem sempre foi fácil).

A família Fischer. Os sócios Sanchez. Os desequilibrados Chenowith (a Brenda era a minha preferida, até se tornar demasiado normal e eu me voltar para a Claire Fischer). Vejo muitas séries (upa upa puxadote), mas nenhuma chega aos pés desta. Não, mesmo o Dr. House fica a milhas de distância.

Morte, morte e morte. E vida nos intervalos. Um estilo característico - a morte inicial, o fade-out para branco agoirentos, todo um tipo de fotografia.

Um quarentão com um tumor no cérebro. Uma mãe desequilibrada. Um casal gay. Uma adolescente revoltada. Uma viciada em sexo que se finge louca, um irmão que finge não o ser. Todos os elementos necessários a uma telenovela bem pirosa. E, no entanto, quão longe!

Mesmo pensando que Allan Ball realizou ‘American Beauty’ - de onde vem a famosa cena do saco que todos os teen teasers insistem em gozar - esta série ultrapassa tudo. Enganam-se aqueles que pensam que é - foi - uma série demasiado intelectualóide, ou demasiado macabra, ou simplesmente mais uma.

Fala da morte, e assim nos fala a todos. Tudo o que conhecemos vai morrer, incluindo nós. Por isso, para quê tanta angústia? Com um raio em cima, decepados por um semáforo, cortados ao meio por um elevador, atingidos por uma bola de golfe, atacados por um tigre…

Tentei adivinhar, muitas vezes, como seria o último episódio. É o fim das séries, livros e filmes que nos dizem, realmente, da qualidade da obra. Por muito boa que a trama seja, se o fim for forçado, ou demasiado óbvio/fácil, o que se passou anteriormente perde o valor. É o fim que se nos retém na memória, e nos ajuda a lembrar o resto.

As séries anteriores (da I à IV) acabaram em suspenso. Nesta, quando vi o Nate bater as botas (finalmente!), pensei que fosse o fim. Ah, estava tão enganada. Como se pudesse acabar de uma maneira tão simplista. E, agora que vi o último episódio, penso: poderia mesmo acabar de outra maneira?

O carro (novo) de Claire a dirigir-se a Nova Iorque,e vemos flashes do futuro. A creche para cães de Ruth, Sarah e Betina, o primeiro aniversário de Willa Fischer Chenowith, o casamento católico de David com Keith. E, subitamente, Ruth a morrer numa enfermaria. O reencontro de Claire com Ted no funeral de Ruth. O casamento destes. Keith assassinado por assaltantes. Rico com um ataque de coração num cruzeiro. David vai-se a meio de um almoço de família ao ar livre. Brenda segue-se. E a imagem final de Claire, muito velha, deitada num quarto cujas paredes estão cheias de fotos que mostram vários momentos do passado, até se deterem nas fotos de Ted nu, tiradas no início do episodio. E vemos os olhos de Claire a morrer. E vemos os olhos de Claire a dirigirem-se para Nova Iorque, rumo a um destino a ela desconhecido.

PS. Obrigado, 2:!. Agora façam-se a vontade e comprem o Nip Tuck!!!

quinta-feira, agosto 03, 2006

Sinais do Apocalipse...

'O teu telemóvel chama por ti, agora com voz de bebé!'

O anúncio do Skip Sabão Natural. Com aquela música.

Lady Sara C vira-se para amigos intelectualóides e outros e pergunta: 'Olha lá, por acaso não tens cds do Quim Barreiros que me emprestes pra gravar?'


Nota: Eu não defendo, de maneira nenhuma, a gravação de cds pirata com fins lucrativos.