terça-feira, abril 10, 2007

Pra finalizar...

Já na Domingo, suplemento do Correio da Manhã (este é a minha mãe que compra, por causa das colecções), um artigo sobre a doença bipolar e uma pequena lista sobre doentes bipolares famosos. Todos artistas ou ligados às artes. Será a criatividade realmente uma ‘doença’? Olhem, aqui está a Florbela Espanca e o Mário de Sá Carneiro. E a Virgínia Woolf e o Antero. Todos suicidados. Argh. Também o Hemingway, idem. Oh, o Francis Ford Coppola (he still lives!!!). Hum. Reflexão profunda sobre isto? Ná, não me apetece.

E para não desiludir os leitores habituados à futilidade da minha conversa neste blog, deixem-me concluir com ‘O Marco d’Almeida é mesmo lindo, não é?’

Fui.

Estes críticos...

Este domingo foi definitivamente um dia para me pôr a par da imprensa. Ainda no Público, o único jornal no qual gasto dinheiro mesmo que não traga ofertas grátis, com todos os seus defeitos etc, no P2, p.12, vem o crítico Jorge Mourinha. Ora ele é tudo menos um mãos-largas no que toca a dar estrelinhas a filmes, e às vezes parece que isto é defeito e não feitio, mas passemos adiante. Decididamente, ele nem é dos piores. Claro que me vai dar bolinha preta a todos os meus futuros filmes (e talvez assim me traga mais público, sei lá), mas tenho de apontar uma coisinha. Nestas curtas linhas, Mourinha chama a atenção para uma nova séria da RTP2 (já agora, mas porquê mudar de logo, meu querido canal?) chamada Irmãos e Irmãs, que dá às sextas às 22.30. Serviço público, obrigado, realmente nem me apercebi que havia uma série nova. Dispensável seria talvez a crítica à boca larga ao ‘hype internacional de House (por exemplo)’. Ora vejo no Oxford Genie que hype é uma palavra depreciativa, to hype significando to advertise sth a lot and exxagerate its good qualities, in order to get a lot of public attention for it. Não nego que isto aconteceu, mas isso é defeito do canal que comprou a série e não desta em si. Porque é uma boa série. Ok, não são os Sete Palmos de Terra nem o 24 (e eu acho esta sobrestimada), mas nem o pretende ser, bolas. O mérito repousa quase todo nos ombros de Hugh Laurie, e se vamos não gostar da série só porque ela é popular, bolas… Que treta.

Mas não foi por isto que eu quis falar. É que Jorge Mourinha, crítico já com um ethos construído, que parece odiar tudo o que tenha mais de 10 espectadores (posso estar errada, mas é o que parece), comete a gaffe do ano ao enumerar as protagonistas da referida série: com um elenco de luxo encabeçado por Ally McBeal, Rachel Griffiths e pela veterana Sally Field. Para quem não sabe, Rachel Griffiths é a ‘Brenda’ dos Sete Palmos. Fiquei cheia de vontade de ver a série. Mas algo no meu cérebro habituado a ler javardices de críticos e teóricos do cinema mundiais fez clic. E reli. Hum. ‘Ally McBeal’. Que actriz é esta? É que só conheço a personagem ficcional. Quereria Mourinha referir-se a Calista Flockhart, que interpretou a referida personagem na série com o mesmo nome? Deixem-me ver numa coisa chamada IMDB (que recomendo fortemente a este crítico). Exactamente, aqui está. Ups, sr. Jorge Mourinha…

Errar é humano. Mas um crítico que joga tão duro na hora de classificar o trabalho dos outros, espera-se que tenha a mesma consistência, rigor e exigência quando se trata do seu trabalho… não?

As Ocas e os Cromos


Falando nestes assuntos, pelos vistos a TVI, acusada de promover uma imagem idiota de ambos os sexos em ‘A Bela e o Mestre’ (e deixem-me acusá-los também de terem um programa estúpido, talvez primeiro que tudo), anunciaram já que vão fazer uma outra versão (Nããããããõ!!!!) intitulada ‘O Belo e a Mestra’, onde modelos tipo Calvin Klein serão emparelhados com tipas vesgas, cheias de acne e de inteligência. Desde já recuso em adiantado o convite que a TVI me fará de certeza para participar no programa (afinal não sou nenhuma Mulher Elefante, bolas), mas pergunto-me: como é que uma estação televisiva pode ser tão IDIOTA???? Bolas, eles têm o RuiVilhena a trabalhar pra eles (isso e passarem o ‘House’ adiantados da Fox, são os únicos pontos positivos de que me lembro. Três, contando com o Marco d’Almeida). Não é essa a questão!


O problema está em associar a superioridade intelectual a um desleixo físico, e a simetria e preocupação com a imagem a um desleixo intelectual. É muito mais que um insulto às mulheres lindas e ocas, ou aos homens que, apesar de cromos, conseguem ir pra cama com elas. É sobretudo um insulto à complexidade do ser humano. É afirmar que a cultura desfigura o físico, torna-nos corcundas, míopes e completamente incapazes de seduzir seja quem for. Ou que lá por se pôr um bocado de maquilhagem na cara, frequentar o ginásio e ter uma alimentação equilibrada (acrescento que não acho nenhuma daquelas raparigas bonita, e eu sei apreciar mulheres, já pus uma foto da Bellucci nua neste blog) não se sabe quem é o primeiro ministro… É tão cliché pensar assim, tudo preto ou tudo branco… Por favor, passem mas é o Nip Tuck num dia definido e deixem-se de estragar a programação com m.e.r.d.a.

House e os metrossexuais

Mes amis, fui este Dominguinho de Páscoa comprar o Público, pela razão evidente do título apelativo da Pública, ‘House vai acabar com os metrossexuais?’. Nem que tivesse de ir ao Alentejo mais profundamente ateu e comunista para encontrar um quiosque aberto, tinha absolutamente de ler este artigo. Não sei se sabem, mas sempre me interessei muito pelos padrões comportamentais de ambos os sexos ao longo da história, e essa história dos metrossexuais – com símbolo máximo em David Beckham, aquela coisa oca, musculada e de pele mais impecável que a minha (não que seja preciso muito…) – e depois de uma tendência a que se deu o nome de überssexuais, liderados pelo eterno George Clooney, e agora o meu queridinho Hugh Laurie, que sigo desde o Blackadder vai dar origem a uma nova fase nessa coisa tão complexa que é responder de forma científica aos desejos das mulheres? (por mim, quero a edição especial do Charlie e a Fábrica de Chocolate, se faz favor).

Quem despoleta a polémica é uma tal de Júlia Ward, no blog TVSquad. Supostamente se Beckham é o ideal de homem para a mulher burra (e basta pensar na um dia lindíssima Victoria que está casada com ele), House é o sex-symbol da mulher que pensa. Uau. Obrigado.

Ora bem. Considero-me uma mulher pensante, um bocado pro bipolar e com níveis baixos de estrogénio, ok, mas mesmo assim uma mulher. E sim, o House é o tipo de homem com quem não me importava de passar o resto da vida (e falo da personagem, embora o actor me pareça também muito interessante do ponto de vista psicológico…). Porque é inteligente, porque não sendo necessariamente bonito tem charme, é sarcástico, faz rir, é uma espécie de miúdo grande, tem qualquer coisa muito escondida lá no fundo daquela carapaça rija, vive no meio do caos, gosta de música, toca piano… Como é que os homens não percebem qual é o atractivo de House? Ele é um misantropo por opção, e qualquer rapariguinha que queira mais do que um belo cabide com ‘piwinha’ pras noites frias deseja entrar naquele universo escondido. Um homem com garra, com determinação, que não se gaba de ser tããão inteligente, que não tem qualquer preocupação com o aspecto, que não nos rouba os cremes pra cara… isto sem ser um machista tipo ‘cozinha-me o jantar e remenda-me as meias’. Hello?

Depois o artigo descamba para a comparação óbvia (e admitida por David Shore, que criou a série) entre House e Holmes.

Sinceramente, não percebo o que faz tanta espécie aos membros do sexo masculino. Sim, há tipas que gostam de metrossexuais, outras que gostam de seres pensantes, etc etc. Somos todas diferentes, bolas. Tal como eu me recuso acreditar que todos os seres do sexo masculino iriam de boa vontade pra cama com a Soraia Chaves sem pensar duas vezes. O House é o House e é médico e tem os olhos azuis. Médico. Não nos acusaram sempre de ver o dinheiro à frente de fosse o que fosse? Eis a estabilidade económica. Não percebo como é que ainda ninguém pôs essa questão. ‘Mulher pensante é aquela que se preocupa em assegurar a sua estabilidade económica a qualquer custo, nem que seja através do ordenado do marido’.